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III CÁ ENTRE NÓS

O projeto colaborativo e sustentável “Cá Entre Nós”, da OÁ Galeria surgiu em 2016 por iniciativa da galerista Thais Hilal, com a proposta de fomentar a produção artística local, bem como integrar socialmente a OÁ Galeria a seu entorno urbano. A gerência sustentável vem das ferramentas de financiamento utilizadas– crowdfunding –  (Ca Entre Nós #2) uma forma de pagar os custos de produção da exposição sem depender exclusivamente das vendas, e editais de convocação (Cá Entre Nós  #3), tudo instrumentalizado online com apoio das mídias sociais.

Trata-se de um esforço de acrescentar instrumentos de horizontalização – e por extensão, colaborativos - ao circuito de arte: o modelo tradicional, que concentra suas ações em direção a um topos mais institucionalizado – vertical -  que vai da galeria – com apoio de críticos e curadores, clientes e colecionadores - ao museu,  passa a coexistir com uma superfície-em-rede, mais acessível de transbordamento estético e social: com os editais e instrumentos de crowdfunding, há uma tentativa de levar a galeria de arte para muito além do intramuros da “intelligentsia” reguladora do mercado de arte, pouco afeito a mudanças.

A OÁ Galeria localiza-se à margem dos tradicionais espaços de cultura em Vitória, o que abriu possibilidades para se pensar a exposição de arte para além do modelo tradicional, o qual, em via de regra reforça um circuito centrífugo, em simbiose quase exclusiva com seus parceiros ( artistas, curadores e clientes), gerando um microcosmo de difícil penetração pelo tecido social ao qual faz parte.

Entende-se que esse microcosmo deva ser expandido, pois a própria galeria de arte hoje já é entendida como um campo ampliado de produção artística. Então por que não trabalhar com o próprio tecido urbano da cidade e ainda atualizar o circuito de mercado com novas tecnologias?

As 3 edições do Cá Entre Nós

 

Para o primeiro Cá Entre Nós, artistas capixabas representados pela galeria foram convidados a produzir novas obras para ocupar o espaço da OÁ, ao mesmo tempo em que um dos artistas produziu uma pintura mural em frente à galeria. Tem início aí a proposta de Thais Hilal em romper não só com os muros, e sim também ampliar a função da galeria de arte no tecido urbano.

 

A segunda edição do Cá Entre Nós levou adiante essa proposta de galeria como campo ampliado e convidou o artista Fredone Fone para rebater a pintura mural – feita na edição anterior - na rua da galeria. Assim feito, o projeto foi riscado na rua e diversos moradores, artistas e até clientes participaram da pintura de uma obra de arte colaborativa e urbana, que reverbera, de dentro do espaço e do circuito tradicional de arte o tecido social adjacente. Ao caráter colaborativo na feitura da obra de arte, a galeria custeou todo o projeto via crowdfunding, atualizando o mercado tradicional com instrumentos de marketing digital.

 

Para a terceira edição, a OÁ Galeria produziu um edital e abriu convocatória para artistas de todo o Brasil. 

Foram enviadas mais de 55 propostas, e a seleção dos 11 finalistas ficou a cargo de Neusa Mendes, Hilal Sami Hilal, Tom Boechat, Felipe Ney e Thais Hilal.

A proposta, desta vez, além de estimular a produção, é dar visibilidade a novos artistas e contribuir para sua inserção no mercado primário nacional. 

Os trabalhos foram avaliados criticamente, tanto isoladamente quanto em sua capacidade de cruzar a fronteira de suas linguagens a partir da narrativa curatorial que foi se desenhando por eles: o corpo como processo, instrumento e produto artístico.

Ao reunir um corpo de artistas de diferentes localidades, experiências e formação artística a partir de uma temática convergente, é possível compreender laços e lastros de pesquisa que dão substância e conectam contemporaneidades tão complexas na arte brasileira.

Felipe Ney

Historiador da Arte (PUC-Rio) e membro da equipe da OÁ Galeria

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